Conheça os vencedores dos Prémios Pfizer 2010
- Detalhes
- 11-11-2010
Prémios Pfizer premeiam investigação na área da malária cerebral em crianças e na área do desenvolvimento e evolução do sistema músculo-esquelético.
Os projectos liderados por Carlos Penha-Gonçalves, de Investigação Clínica, e por Moisés Mallo, de Investigação Básica, ambos investigadores no Instituto Gulbenkian de Ciência, foram os vencedores da 54ª edição dos Prémios Pfizer.
A cerimónia de entrega dos Prémios e apresentação dos projectos de vencedores aconteceu no dia 11 de Novembro, às 18h, na Faculdade das Ciências Médicas de Lisboa.
Os trabalhos foram distinguidos entre um total de 45 candidaturas, 33 na área de Investigação Básica e 12 na área de Investigação Clínica. Na opinião de Leonor Parreira, presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, a tarefa de seleccionar os vencedores fica "mais complicada de ano para ano". "O prémio tornou-se alvo de interesse dos melhores no país e não estamos a falar de ciência paroquial, estamos a falar de ciência ao mais alto nível no mundo", realçou.
A Cerimónia contou com a presença da Alta-Comissária da Saúde, Prof.ª Doutora Maria do Céu Machado, em representação de Sua Exa. Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, do Prof. Caldas de Almeida, Director da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, do Prof. Luís Graça, Secretário-Geral da SCML e, ainda, com a presença da Dra. Ana Paula Carvalho, Managing Director dos Laboratórios Pfizer.
Instituídos em 1955, os Prémios de Investigação Pfizer conferem anualmente um prémio monetário no valor de 20.000 euros aos melhores trabalhos de investigação, desenvolvidos por investigadores nacionais ou estrangeiros e realizados total ou parcialmente em instituições portuguesas, nas áreas da Investigação Básica e Investigação Clínica.
Projectos Vencedores
Prémios de Investigação Básica:
Projecto: "How do OX Genes control where ribs should grow?"
Autores: Tânia Vinagre (na foto), Natalia Moncaut, Marta Carapuço, Ana Nóvoa, Joana Bom e Moisés Mallo
Instituições: Instituto Gulbenkian de Ciência, Oeiras.
Descritivo: "Como é que os genes HOX controlam onde devem formar-se as costelas?"
Todos os vertebrados têm um esqueleto axial composto de vértebras. No entanto, o número de vértebras presente em cada zona anatómica do esqueleto (cervical, torácica, lombar, sacral e caudal) varia muitíssimo entre as diferentes espécies. Um exemplo claro deste fenómeno é dado pela comparação dos esqueletos de uma ave, de uma cobra e de um lagarto: as aves têm pescoços muito compridos, enquanto que as cobras possuem costelas em quase todo o seu esqueleto e os lagartos têm caudas extraordinariamente longas. Os genes Hox, são importantes para a determinação da identidade das vértebras. Neste trabalho, identificou-se o gene Hox responsável pela formação de costelas e obteve-se ratinhos com costelas desde o pescoço até à cauda, fazendo lembrar o esqueleto das cobras. Curiosamente, descobriu-se que, para formar costelas, os genes Hox actuam inicialmente não sobre os genes que fazem ossos, mas sobre genes envolvidos na formação do músculo. Este mecanismo facilita o desenvolvimento do esqueleto porque garante que a formação de costelas seja sempre acompanhada pela formação de músculos intercostais. Este trabalho apresenta assim um modelo funcional para o desenvolvimento e evolução do sistema músculo-esquelético.
Prémios de Investigação Clínica:
Projecto: "Genetics of Cerebral Malaria in Angolan Children: Transforming Growth Factor Beta 2 and Heme Oxygenase 1 Genes control susceptibility to Cerebral Malaria Syndrome"
Autores: Carlos Penha-Gonçalves (na foto) e Rosário Bragança Sambo
Instituições: Instituto Gulbenkian de Ciência, Hospital Pediátrico David Bernardino (Luanda, Angola).
Descritivo: "Factores genéticos que controlam o risco de malária cerebral em crianças angolanas"
A malária resulta da infecção por um parasita do género Plasmodium. A compreensão desta doença depende da investigação em três domínios: o domínio do mosquito vector (que transmite a doença), o domínio do parasita (que provoca a doença) e o domínio do ser humano (que luta contra o parasita manifestando várias formas clínicas da doença).
Cerca de 5% das crianças infectadas é afligida pela malária cerebral. Esta é uma das formas mais severas da doença e quando não é tratada pode tornar-se fatal. A malária cerebral é causada por uma inflamação do tecido cerebral despoletada pelo contacto de glóbulos vermelhos infectados pelo Plasmodium com os vasos sanguíneos do cérebro.
A investigação focou-se em descobrir factores genéticos do ser humano que controlam o risco de contrair a forma cerebral da malária. O trabalho desenvolvido estudou 130 crianças angolanas com malária cerebral, em comparação com grupos de crianças com outras formas da doença. O trabalho desenvolvido evidencia que os genes de duas proteínas (HMOX1 e TGFB2), que participam na resposta inflamatória, têm um papel significativo em determinar o risco de um indivíduo infectado desenvolver formas severas da doença, nomeadamente a malária cerebral.
Estes estudos identificaram variantes destes genes que se encontram com frequência apreciável na população angolana e que têm um efeito protector conferindo um grau de resistência ao desenvolvimento da malária cerebral. Estes resultados levarão agora a que estes genes sejam investigados noutras populações humanas e que o seu papel na doença seja aprofundado em investigações laboratoriais tendo em vista descobrir mecanismos de intervenção e abordagens terapêuticas que permitam evitar o desenvolvimento da malária cerebral. Alguns destes estudos estão a ser prosseguidos no Instituto Gulbenkian de Ciência."
* A Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa deixa aqui o seu agradecimento a todos os revisores (reviewers), nacionais e estrangeiros, que analisaram os trabalhos a concurso.
Galeria de fotos conferência de imprensa | Galeria de fotos Cerimónia de Entrega de Prémios