Lobo Antunes [2000/2003]

58. Lobo Antunes

João Lobo Antunes foi o 58.º Presidente da Sociedade e o último biografado deste volume. Após uma carreira escolar de que ficou lembrança na Escola, rumou para os Estados Unidos «um pouco por acaso», que veio a ser uma forma de destino feliz, como relata no seu tocante ensaio Memória de Nova Iorque, cidade onde trabalhou e «cresceu» durante mais de uma década.

No Departamento de Neurocirurgia do Instituto de Neurologia fez o treino técnico e científico que lhe modelou um projecto profissional de rigor e exigência. O trajecto académico iniciou-o na Columbia University e teve ponto de chegada em Portugal, a que voltou, em 1983, para se submeter aos julgamentos concursais da sua Faculdade e adquirir os graus universitários que o levaram à cátedra em 1984. De Almeida Lima, seu mentor, veio a suceder na direcção do Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, que prestigiou muros fora, ocupando lugares de liderança em sociedades neurocirúrgicas internacionais e servindo no corpo editorial de exigentes publicações periódicas dessa especialidade médica.

Na Faculdade de Medicina de Lisboa foi inspirador e motor de transformações decisivas para o futuro da escola, que soube mobilizar durante um consulado longo e frutuoso na liderança do Conselho Científico. Impulsionou a criação do Instituto de Medicina Molecular, sala de visitas da Faculdade, onde acolheu e orientou com mão sábia alguns dos mais promissores talentos, que se revelaram valores de referência da investigação biomédica internacional.

Voz disputada em variados palcos pela elegância do estilo e pela singularidade do pensamento, João Lobo Antunes trabalhou com melodia a palavra escrita, que veio a ter consagração em 1996 com a atribuição do Prémio Pessoa.

Mendes de Almeida [1996/2000]

57. Mendes Almeida

O 57.º Presidente da Sociedade, José Manuel Mendes de Almeida, é um dos mais brilhantes cirurgiões da sua geração, muito tendo prestigiado todas as instituições onde trabalhou e em que atingiu as mais elevadas posições de chefia técnica (Hospitais Civis de Lisboa, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Hospital Cuf-Descobertas).

A sua actividade de cirurgião e os seus trabalhos em patologia tumoral do esófago, estômago e recto deram-lhe voz respeitada nestas áreas médicas, e justificam o reconhecimento internacional dos seus méritos, nomeadamente o título de membro honorário da prestigiada Association Française de Chirurgie.

À Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa prestou apreciáveis serviços como seu Secretário-Geral durante 14 anos, colaborando com os dois presidentes que o antecederam. Sob o impulso de João Ribeiro da Silva empenhou-se, com êxito, na delicada tarefa da criação da Academia Portuguesa de Medicina, da qual foi o seu 1.º Secretário.

Foi com mérito que presidiu aos destinos da Sociedade no mandato de 1996-2000, período em que organizou, com assinalável êxito, os Congressos Nacionais das Ciências Médicas.

Ribeiro da Silva [1986/1995]

56. Ribeiro da Silva

Sucedendo a Artur Torres Pereira como Presidente da Sociedade, João Ribeiro da Silva exerceu três mandatos consecutivos, que ficaram, em muito, ligados aos esforços bem sucedidos para criar a Academia Portuguesa de Medicina como o lugar das elites médicas do País.

A sua carreira profissional recebeu notória influência de Almeida Lima, que o orientou na investigação sobre a electrofisiologia da retina, a que deu dedicada atenção e de que resultaram trabalhos meritórios.

Chegando novo à cátedra, após um percurso académico breve e brilhante, jubilou-se em 2001 como professor decano da Universidade de Lisboa.

A actividade de direcção assistencial do Professor Ribeiro da Silva repartiu-se, durante quase três décadas, pelo Serviço Universitário do Hospital de Santa Maria e pelo Instituto Oftalmológico Dr. Gama Pinto, instituições que marcou pela sua vincada personalidade.

Após jubilação dirigiu por alguns anos o Centro de Bioética da Faculdade de Medicina de Lisboa, a cuja criação esteve ligado. Aí organizou seminários e cursos de mestrado, editou textos e estimulou trabalhos académicos que deram inegável reputação à sua Escola neste domínio.

O Professor Ribeiro da Silva foi um universitário de voz livre e escutada. A sua intervenção foi, por isso, muitas vezes solicitada quando havia dificuldades no entendimento entre os homens e as instituições.

Agregador de vontades e de pessoas, procurou que a Academia Portuguesa de Medicina, uma das suas paixões maiores, fosse olhada como guardiã dos valores éticos e humanos da profissão médica. Seu primeiro presidente, em 1991, Ribeiro da Silva orientou-lhe os passos para uma caminhada autónoma da Sociedade das Ciências Médicas, internacionalizou-a e colheu o reconhecimento do seu próprio prestígio ao ser eleito Presidente da Federação das Academias da União Europeia em 2001.