Caetano Beirão [1847/1848 e 1853]
O Professor Caetano Beirão, quinto Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, desempenhou o cargo por duas vezes, em 1847 e 1853. No início do seu primeiro mandato encontrou a Sociedade «numa situação quase desesperada, sem relações externas e sem incitamento interno; parecia querer terminar de inanição». Ele a faria ressurgir.
Foi um invejado clínico, um admirado professor e uma referência política realista. Matriculou-se em Coimbra, na Faculdade de Filosofia e, em seguida, na de Medicina, cujos três primeiros anos concluiu com o maior brilho. Encerrados os cursos após o desembarque do Mindelo, foi autorizado excepcionalmente a exercer prática clínica sob a orientação de um professor, tendo-se envolvido profundamente no combate à epidemia de cholera morbus. Após o desterro do Rei, voltou a Coimbra para concluir o Curso Médico (1836).
Em Lisboa, trabalhou nos Hospitais de São Lázaro, Marinha e Rilhafoles. Da actividade clínica e hospitalar resultaram importantes estudos sobre a cólera, a elefantíase dos gregos e a alienação mental. Colaborou nos estudos para converter o Hospital Rilhafoles em Hospital dos alienados.
Tendo tido grandes dificuldades políticas para ingressar na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, as suas excepcionais qualidades elevaram-no a Lente de Matéria Médica ao fim de 11 anos, sendo considerado um eminente professor.
Nascido e educado no absolutismo, a ele se manteve fiel toda a vida, sendo muito particular e notável a situação de deputado realista na Câmara Constitucional, em 1842 e 1863. Aí defendeu corajosamente a reforma do ensino médico que equiparava os graus a atribuir pelas Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto à Faculdade de Coimbra, não obstante a sua apregoada fidelidade «aos seus colegas e mestres lentes da Universidade de Coimbra» (declaração de voto).