Bello de Moraes [1911/1913]
O Professor Carlos Bello Moraes, 31.º Presidente da Sociedade, natural do Crato, estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa graças ao auxílio do benemérito Barão de Gafete. Em reconhecimento e como forma de retribuição, decidiu exercer a clínica rural naquela povoação durante cerca de cinco anos.
Aí o foi buscar Sousa Martins, de quem foi discípulo dedicado, fervoroso admirador e colaborador. Após concurso no Hospital de São José, abraçou a vida académica na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, até atingir o topo da carreira como professor de clínica médica.
Bello de Moraes remodelou profundamente o ensino sobretudo depois de uma viagem de estudo que efectuou a França e Alemanha. No ensino clínico passou a dedicar um interesse particular à semiologia médica, matéria que cultivou com grande virtuosismo e para a qual atraiu numerosos discípulos.
Foi o primeiro Director da Faculdade de Medicina de Lisboa, Enfermeiro-Mor dos Hospitais Civis de Lisboa e director da revista Medicina Contemporânea, em que sucedeu a Miguel Bombarda.
O desenvolvimento dos meios laboratoriais e de anatomia patológica conduziram ao prestígio crescente da ciência alemã, criando-se na Faculdade de Medicina de Lisboa um antagonismo entre duas escolas: a escola francesa, representada por Bello de Moraes, em aparente decadência, e a escola alemã, em crescendo de prestígio, que tinha por expoente Pulido Valente.
Bello de Moraes jubilou-se precocemente, deixando nos seus contemporâneos a imagem de um grande clínico e de um homem de trabalho e bondade.