Nicolau Bettencourt [1921/1922]
Nicolau de Bettencourt (o terceiro director do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana e terceiro professor de Bacteriologia da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, depois Faculdade de Medicina de Lisboa) teve a enorme responsabilidade de continuar os vultos máximos da bacteriologia nacional – Câmara Pestana e Aníbal Bettencourt. Podemos considerar que a desempenhou honrosamente embora tenha introduzido uma nova orientação, pioneira em Portugal e antecipando-se à sua época, que hoje está consagrada entre nós e em todo o Mundo – a Microbiologia Clínica. Com efeito, associava ao seu cargo de Médico dos Hospitais Civis de Lisboa (Clínica Médica), o seu virtuosismo técnico-laboratorial que aprendeu com Câmara Pestana e com seu irmão. Dedicou-se em particular à Imunologia e Serologia cujas respostas se impunham face às realidades clínicas com que convivia (febre tifóide, tifo exantemático, quisto hidático, meningite meningocócica, difteria, sífilis, brucelose).
Trabalhou em laboratórios de referência internacionais (Londres, Copenhaga) e desempenhou missões honrosas, representando Portugal em numerosos países e na Sociedade das Nações.
Pela relativa proximidade de idade com seu irmão, só atingiu a cátedra com 58 anos, falecendo 11 anos mais tarde, com 69 anos. O seu importante depoimento Balanço Necessário, publicado dois anos após assumir a direcção do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, não deve ser visto com pessimismo, mas antes como uma acutilante e amargurada crítica à organização das instituições científicas públicas, que evidenciavam falta de estímulo para a investigação científica no ambiente português.