Xavier Morato [1953/1957]
O Professor Xavier Morato, que foi o 50.º Presidente da Sociedade de Ciências Médicas, exerceu um mandato influenciado pelos caminhos que o seu próprio percurso cruzou: a emergente importância da biologia na medicina moderna, na explicação dos seus fundamentos e nas promessas de aplicação prática no seu futuro. Foi o primeiro professor dessa nova disciplina – a Biologia Celular – na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Xavier Morato foi um internista respeitado pelos seus conhecimentos médicos muito vastos, pelo seu espírito arguto e pelo seu sentido clínico. Todavia, foi como morfologista que a sua intervenção académica e científica e a sua carreira adquiriram justa proeminência. Descendente da escola de microscopia de Lisboa, que teve em May Figueira, Celestino da Costa e Roberto Chaves os seus mais iluminados cultores, Xavier
Morato acrescentou-lhe prestígio como virtuoso na aplicação das impregnações argênticas no estudo da hipófise e no uso da microscopia electrónica, metodologia de que foi um dos primeiros utilizadores em Portugal. As suas investigações ultra-estruturais deram origem a uma obra científica que se dispersa por um amplo campo de interesses.
Na Faculdade de Medicina de Lisboa, a sua direcção ficou assinalada por uma marcada evolução na organização administrativa da Escola, que muito foi beneficiada pelo prestígio de que gozava junto do poder político.
O Professor Xavier Morato foi um notável pedagogo: as suas exposições possuíam invulgar clareza e uma apurada elegância. Os textos das suas aulas originaram publicações didácticas de referência, constituindo peças modelares de actualidade, rigor de escrita e elegância formal.