Magalhães Coutinho [1848/1850 e 1858/1859]

6. Magalhães Coutinho

Sexto Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, o Professor Magalhães Coutinho teve uma vida longa, que lhe proporcionou uma fecunda carreira profissional e académica e uma empenhada participação cívica. Dotado de inteligência viva e vincado carácter, teve uma adolescência conturbada pelas lutas políticas da época, com a família perseguida pelos rigores do partido miguelista. Restabelecido o regime constitucional, concluiu a licenciatura e logo se habilitou a lugares de magistério na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde cedo chegou a Lente proprietário, regendo com justa fama a 6.ª cadeira (Partos).

Foi o primeiro médico em Portugal a aplicar o clorofórmio nos partos (1857) e a operar um doente anestesiado pela amylena.

Nomeado Director da Escola na última fase da sua carreira académica, imprimiu ao mandato a força do carácter e o brilho das suas muitas capacidades de reformador. A apetência pela política, marcada pela adolescência, levou-o a aceitar ser deputado às Cortes, entre 1853 e 1856, período em que apresentou uma proposta de reforma das escolas médico-cirúrgicas, que equiparava, em privilégios e títulos, os alunos de Lisboa e do Porto aos da Universidade de Coimbra.

Depois de uma vida muito trabalhosa, com uma grande dedicação à prática assistencial e ao ensino, Magalhães Coutinho abandonou praticamente o exercício da profissão e pediu a jubilação. Aceitou, então, o convite para ser Médico da Real Câmara e Bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, cargo em que lhe foram preciosos os seus conhecimentos profundos de latim e de grego.

Homem de grande cultura e elogiados dotes artísticos, era também uma voz respeitada de tribuno pela eloquência oratória. Estimado na corte, na comunidade médica e na sociedade da época pelo prestígio como cirurgião e parteiro, o Professor Magalhães Coutinho foi uma personalidade brilhante da medicina portuguesa da segunda metade do século xix.