Miguel Bombarda [1900/1903]
Miguel Bombarda, fascinante e multifacetada figura da Medicina Portuguesa, tem vasta e diversa representação na escultura, pintura, literatura de ensaio e toponímia de diversas localidades, o que consagra a dimensão nacional do seu nome e o integra na galeria das glórias do País.
Cirurgião do banco dois anos após cursar Medicina, cedo direccionou os seus interesses para «os padecimentos dos alienados» no Hospital de Rilhafoles, aí centrando a maior parte da sua actividade assistencial e científica.
Miguel Bombarda teve uma intensa participação política. Considerado um dos caudilhos do Partido Republicano com maior prestígio e representação popular, antecipavam-se no seu futuro elevadas responsabilidades públicas, não fora o atentado mortal que o vitimou.
Deputado às Cortes, era uma das vozes mais respeitadas do Parlamento, onde defendeu a reforma do ensino médico, a criação da Escola Médica de Goa e da Escola de Medicina Tropical. A ele se devem iniciativas relevantes para a Medicina Portuguesa, como o XV Congresso Internacional de Medicina, cuja cerimónia de abertura foi feita coincidir com a inauguração do edifício da Faculdade de Medicina de Lisboa.
A obra escrita de Miguel Bombarda é, porventura, das mais fecundas da Medicina Portuguesa e com mais diversificadas preocupações: das doenças mentais, que ocuparam grande parte da sua vida científica, às questões da organização dos serviços de saúde, da deontologia do exercício profissional, da associação sindical dos médicos, da prática médico-legal e da estrutura dos serviços forenses. Se se adicionarem os textos doutrinários, os de intervenção social, os muitos ensaios sobre crítica literária e as biografias, as muitas centenas de textos de Miguel Bombarda constituem o legado «renascentista» de um livre-pensador, tribuno brilhante, académico e cientista de invulgar envergadura.