Cunha Viana [1866/1870]

16. Cunha Viana

Cunha Viana, o 16.º Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, veio de Coimbra com muito prestígio e atingiu a cátedra, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, após brilhantes concursos.

Foi um dos médicos mais ilustres do seu tempo, com intensa actividade clínica, que lhe limitou a expressão de outros talentos.

A sua bibliografia é escassa, constituída por escritos isolados sobre o ensino médico, a higiene hospitalar e a lotação das enfermarias do Hospital de São José, elaborados em colaboração com Abel Jordão e Teotónio da Silva.

Os seus mandatos na Sociedade corresponderam a uma fase de recuperação financeira, a que se refere no discurso de despedida, em 1870, em que agradece o apoio, entre outros, de Silva Amado e Sousa Martins que, anos mais tarde, também vieram a presidir à Sociedade.

A periodicidade das sessões e a participação dos sócios foi recuperada, o que em grande parte se ficou a dever à escolha oportuna dos temas para discussão e em que sobressaía a eloquência de Sousa Martins.

Cunha Viana deu colaboração a diversas instituições públicas e de benemerência e também foi médico da Corte.

No dizer dos seus biógrafos, Cunha Viana foi um professor esclarecido, um clínico experimentado e um homem profundamente honesto e de exemplar modéstia.

Matta Pacheco [1863/1865]

15. Matta Pacheco

O Dr. Matta Pacheco foi o décimo quinto Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, exercendo mandato de 1863 a 1865. Reeleito nessa data, renunciou às funções em Fevereiro desse ano por razões ligadas à carreira militar que o impedia de dar uma atenção mais próxima à coordenação dos trabalhos da Sociedade.

Entrando ao serviço do exército em 1835, foi de imediato destacado para missão no estrangeiro e, aproveitando a demora do regimento em que estava incorporado em Salamanca, adquiriu naquela Universidade o título de bacharel em Medicina. No regresso, após os exames médicos e militares exigidos, foi nomeado cirurgião-mor e subiu todos os degraus da hierarquia médica militar que se concluiu com a nomeação para chefe do serviço sanitário do campo de instrução e manobras em Tancos.

Foi proprietário e lavrador no Alentejo durante alguns anos e dedicou-se a algumas questões de saúde pública relacionadas com essa sua actividade, como se encontra registado no seu trabalho «Memória topográfica de Vendas Novas».

Matta Pacheco, que nunca integrou as carreiras hospitalar civil ou académica por se ter dedicado em exclusivo às suas funções médicas militares onde alcançou inegável prestígio, teve reconhecimento público nas comendas, distinções e louvores que lhe foram atribuídos.

A presidência na Sociedade das Ciências Médicas deve-se ao prestígio pessoal que lhe era conferido pela sua posição na medicina militar.

Abel Jordão [1862/1863]

14. Abel Jordão

O Professor Abel Jordão teve uma vida breve de 41 anos com intenso trabalho. Com sólida formação científica e cultural trazida de Paris, obteve por concurso o lugar de demonstrador da Secção de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Este rápido êxito académico logo se acompanhou de importante prática privada – para ele mais um sacerdócio do que uma profissão (no dizer do Professor Thomaz de Carvalho).

Debruçou-se longamente, em dezenas de apresentações publicadas no JSCML, durante cerca de dez anos, sobre a diabetes revelando grande erudição nos trabalhos sobre essa doença em diferentes países europeus e no nosso. Apresentadas em 1860, e elementarmente discutidas da etiologia e epidemiologia e ampliado em 1863, publicou em 1870 um terceiro estudo de diagnóstico e prognóstico nas Memórias da Real Academia das Ciências de Lisboa. Os seus trabalhos sobre a diabetes foram citados por nacionais e estrangeiros (Grande Dicionário das Ciências Médicas,Paris; Livro de Patologia Interna de Jacoud);

«Finou-se em 17 anos de actividade científica este professor que mantinha íntima familiaridade com os alunos, nos quais deixa sentida mágoa», como o aluno do 2.º ano Miguel Bombarda oportunamente salientou.